Visando a preservação do prédio construído na década de 1960, que sediou o Colégio dos Padres e o Colégio Meta, o governo do Acre com recursos próprios e do Banco Mundial, investiu mais de R$ 16 milhões para viabilizar a obra que transformou o espaço no Museu dos Povos Acreano. No dia 6 de agosto de 2023, foi entregue a primeira etapa da reforma e revitalização do prédio que, além do valor cultural, movimentou a economia local. Durante a execução da obra, mais de 62 trabalhadores diretos foram contratados na área da construção civil.
Concretizada na gestão do governador Gladson Cameli, o obra compreende uma importante valorização da história e da cultura acreana, além de ser um ponto turístico de Rio Branco repleto de elementos que remetem à história e à identidade de seu povo. No museu, o visitante encontra espaços como a Sala Chico Mendes, Sala Floresta Acreana, Sala das Personalidades, Sala Interativa, entre outros espaços que resgatam a história, a memória da cultura acreana.
Em sua estrutura, o Museu dispõe de acervos importantes sobre a história e cultura do Acre, além de mobílias e equipamentos tecnológicos e interativos, que são itens caracterizados como históricos, arqueológicos, paleontológicos, etnográficos, linguísticos, folclóricos, urbanísticos, arquitetônicos, artísticos, bibliográficos, cinematográficos, videográficos e audiofônicos que foram e são relevantes para o desenvolvimento sociocultural e para a preservação da identidade regional.
Com salas climatizadas e iluminação especial, o museu também oferece um espaço de café, um átrio interno, um auditório e uma praça, onde são realizadas apresentações artísticas e culturais, com a exibição de documentários, filmes, palestras, shows musicais e peças teatrais.
Outro espaço bastante frequentado é a Loja Bem Acreano, que tem atraído muitos visitantes e turistas de modo geral. A loja comercializa artesanatos e lembrancinhas regionais, como produtos de decoração, calçados de borracha, produtos de cerâmica, biojoias, cestarias, gamelas, entre outros itens, além de souvenirs que levam a marca do Acre, como blusas, bonés, chaveiros, entre outros.
O Museu dos Povos Acreanos é um dos espaços coordenados pela Fundação Elias Mansour (FEM), que possui um Plano Museológico. Os sete espaços de visitação, do primeiro piso demonstram o compromisso do governo do Acre de realçar a história do povo acreano.
Desde a sua inauguração, em agosto de 2023, o Museu dos Povos Acreanos já recebeu 15 mil visitantes. De janeiro a março o local vem recebendo cerca de 3 mil visitas mensais. Situado no centro de Rio Branco, o museu reúne uma série de histórias e memórias de personagens que fazem parte do contexto histórico do surgimento do estado.
Com 37 servidores, o espaço está aberto de quarta a domingo, das 9h às 18h, e conta com diversos colaboradores que se dividem entre guias, equipe de apoio, de limpeza e outros setores. E para promover um espaço humanizado e integrado com ações culturais, o museu conta com o trabalho de artistas de diversas áreas.
Atuando na Biblioteca Pública de Rio Branco como agente de leitura e contadora de histórias, a artista Marina Vaz foi convidada para trabalhar como guia do Museu dos Povos Acreanos. Formada em Engenharia Florestal e sendo do segmento da dança e do teatro, ela viu a oportunidade de ampliar ainda mais o seu conhecimento e encontrar novas pessoas.
“Para mim é muito prazeroso fazer esse atendimento ao público e contar a história do estado, levar essa valorização da história e um pouco do que eu sei como artista às pessoas. E, na verdade, é tranquilo fazer todo esse atendimento, que é uma coisa que eu já trago dos palcos, do teatro. O atendimento é uma chance muito grande de relacionamentos também. Conhecemos pessoas todos os dias aqui, de vários cantos, não só do Brasil como de outros países, então, são oportunidades”, explica Marina.
Durante a visita guiada, ela mostra o acervo do escritor e jornalista Leandro Tocantins, conta sobre as personalidades de destaque do estado, apresenta a sala interativa, onde é possível brincar com palavras cruzadas do Acre.
Na visita, também é possível ver o Purussauro, o famoso jacaré gigante, conhecer sobre Chico Mendes e a floresta amazônica, além das exposições de artes e amostras temáticas, como a casa de um seringueiro, a catraia, algumas sementes amazônicas, entre outros ambientes ofertados pelo museu.
“Essa valorização da história, fazer com que as pessoas de fato venham aqui e reflitam sobre as suas histórias, é o mais rico e o mais importante que a gente pode oferecer, fazer o acreano, de fato, se reconhecer e reconhecer de onde vem, qual é a sua história, e não ter vergonha disso, porque a consequência de toda essa valorização vai vir depois no turismo, no comércio. E, é o que a gente entende como mais rico aqui, essa busca pelo conhecimento, pela ação, ancestralidade a valorização dos acreanos”, destaca a artista.
Sobre a função social de preservar a memória e repassar a história para as próximas gerações, a coordenadora do Museu, Aurinete Franco, que há 35 anos atua na cultura no estado, enfatiza que o museu vem cumprindo com excelência esse papel.
“Esse instrumento cultural tem desenvolvido seu papel, reeducando as pessoas e educando acerca da visitação, e ampliando também o sentido de entender e compreender quem somos, porque nós somos um povo. Mas que povo é esse? Uma mistura de povos. E essa mistura de povos tem peculiaridades específicas da nossa cultura e identidade. Então, o museu tem feito com que as pessoas lembrem quem são e, aos novos, permite o conhecimento de nossos antepassados, de onde viemos e para onde viemos. Então, o desafio do museu é esse. Estamos aqui, mas para onde nós vamos daqui a 50 anos?”, questiona.
Sobre a organização da visita guiada e eventos culturais, a coordenadora do Museu explica: “Nós temos um agendamento via Instagram: @museudospovosacreanos. Então, se o público que vem fazer um evento aqui sinaliza, fazendo o preenchimento desse formulário, nós vamos verificar a agenda, o horário e dar um feedback. E aí, como é um espaço de visitação, normalmente no final de semana, dizemos assim: o Átrio está à disposição a partir das 17 horas, que é quando finaliza a visita guiada, aí começa o palco cultural, para não interferir na dinâmica de visitação, porque o museu é um espaço contemplativo, logo necessita ter um silêncio para que as pessoas possam apreciar as obras de arte, a leitura e outros”.
O museu dispõe também de auditório e de um palco cultural, que é o Átrio, que recebe, todos os sábados, em uma parceria com a Arte de Viver, um momento de expressão e contemplação do espaço. Outro ponto de expressão é na Praça Meandros, onde são realizadas atividades de músicas, desfiles e outros eventos pré-agendados, para não comprometer o funcionamento do espaço.
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