“Nossos corpos continuam sendo assassinados. Somos o País que mais mata transexuais, e ter uma cartilha que nos viabilize, que nos respeite e que enfatize nossos direitos é muito importante: eu tenho a esperança que começaremos a ser tratadas com respeito e dignidade”. As palavras da presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Acre (Attrac), Antonella Albuquerque, sintetizaram o objetivo do governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Mulher (Semulher), durante o lançamento da cartilha “Sou A Travesti, Existo”. O evento foi realizado na manhã desta segunda-feira, 29, na sede da Semulher, e reuniu autoridades e representantes de entidades ligadas à diversidade.
Emocionada, a presidente da Attrac ainda reforçou o quanto a transfobia machuca e o quão salutar é a inclusão da população trans na sociedade. “Ainda somos marginalizadas, menosprezadas. Mas eu acredito no governo do Estado, que abriu estas portas para gente”, reiterou.
A secretária de Estado da Mulher (Semulher), Márdhia El-Shawwa, relembrou que a cartilha, além de ser educativa, evoca que a expectativa de vida de uma pessoa trans, no Brasil, é de apenas 35 anos. “Segundo o IBGE, em dados divulgados em novembro de 2023, a expectativa de vida dos brasileiros é de 75 anos, quarenta anos a mais que a expectativa de uma pessoa trans. Por isso, é tão urgente que consigamos dar esse passo em direção a uma sociedade mais justa e inclusiva, reconhecendo a importância de garantir que todas as mulheres, independentemente de sua identidade de gênero, sejam respeitadas, protegidas, e tenham seus direitos assegurados”.
Ainda segundo El-Shawwa, a cartilha é mais que um documento. “É uma ferramenta de empoderamento, uma voz que ecoa a existência e os direitos das mulheres transexuais e travestis em nosso Estado e que foi cuidadosamente elaborada para sensibilizar a população acerca dos desafios enfrentados por essas mulheres, desafios estes que, muitas vezes, são marcados por preconceitos, discriminações e, em alguns casos, chega inclusive à violência”, explicou.
Daniel Lopes, presidente do Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT do Acre, afirmou que o momento é de celebração. “Quero externalizar que o Conselho [Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT do Acre] está inteiramente à disposição da Semulher. Nós, enquanto cidadãos, precisamos dar oportunidade às pessoas trans”, refletiu.
Representando o governador do Acre, Gladson Cameli, o secretário de Estado do Governo Alysson Bestene enfatizou o compromisso da atual gestão na inclusão. “E a Semulher, fazendo todo esse exercício de conscientização, com certeza vai atingir várias camadas, levando orientação a todos”, finalizou.
Também na manhã desta segunda-feira, os Centros Especializados de Atendimento à Mulher (Ceam) em Cruzeiro do Sul e Brasiléia realizaram o lançamento da cartilha; e até a próxima quarta-feira, 31, haverá a distribuição de panfletos com a Lei Federal nº7.716/89 e ADO [Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão]; e com a Lei Estadual nº 4.158/23, que dispõem sobre os crimes de racismo, homofobia e transfobia.
Em Rio Branco, a panfletagem se dará nos próximos dias 30 e 31, nos ônibus e instalações do Terminal Urbano de Rio Branco e nos mercados municipais adjacentes.
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