“Era uma dor tão grande que parecia aquela marreta que bate em concreto”. É assim que Raimundo Rodrigues Sobrinho, 83 anos, descreve o infarto que teve há três anos. Na época, ele ficou internado por 17 dias no Hospital de Base do DF (HBDF). Apesar de os medicamentos amenizarem a dor, foi preciso passar por um cateterismo e, mais adiante, pela inserção de dois stents – procedimento que restaura o fluxo sanguíneo na artéria coronária, mantendo a oxigenação dos tecidos.
Com risco também de os rins pararem de funcionar, Raimundo foi encaminhado ao Hospital Universitário de Brasília (HUB), por onde passou pela inserção do terceiro stent. “Desde então, não senti mais nada, nenhuma dor”, comenta, aliviado. Desde o ocorrido, ele faz acompanhamento no Centro Especializado em Diabetes, Hipertensão e Insuficiência Cardíaca (Cedhic) da Secretaria de Saúde do DF (SES), no Guará.
A jornada de Raimundo na SES possui pontos em comum com vários outros pacientes. Devido à estruturação da rede, a cardiologia na saúde da capital federal conta com atendimento integrado entre as unidades de pronto atendimento (UPAs) e os hospitais. Além disso, a assistência pública ampliou a sua oferta de serviços, por meio de novas tecnologias e de contratações na rede complementar.
O esforço contribuiu para que o DF alcançasse, em 2022, a menor taxa de mortalidade por infarto agudo do miocárdio do país, de acordo com o Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). Em 2022, 4,74% dos pacientes internados no DF após ataque cardíaco foram a óbito, enquanto a média nacional é de 9%.
“Hoje temos toda a cardiologia regulada e cumprindo os pilares do SUS. Estamos trabalhando em políticas de melhoria da assistência cardiovascular, desde a garantia de acesso à saúde até a descentralização”, afirma a especialista em cardiologia da SES, Edna Maria Marques.
Os hospitais regionais e as UPAs prestam socorro inicial em casos de problemas cardíacos. Caso necessário, o paciente pode ser encaminhado a uma das três unidades especializadas em coração: HUB, HB e Instituto de Cardiologia e Transplantes do Coração do Distrito Federal (ITCDF), localizado no Hospital das Forças Armadas (HFA).
“O HUB, o HB o ITCDF fazem parte da mesma linha de cuidado. Diferentemente de outras especialidades, que possuem hospitais contratados só para realizar exames e outros para operações, na cardiologia, não. Esse paciente que vai ao HUB ou ao ITCDF, por exemplo, tem direito desde a consulta até a cirurgia”, acrescenta Marques.
Ao sentir dor no peito, falta de ar nos esforços, inchaço nas pernas ou apresentação clínica de desmaio, o primeiro passo é ir às unidades de saúde. O clínico fará uma avaliação inicial e encaminhará o paciente ao cardiologista. As principais doenças têm essa apresentação clínica em comum, e, por meio disso, podemos procurar um diagnóstico”Diego Martins, cardiologista do Cedhic
Ao lado da estruturação, as inovações em tecnologia permitiram as melhorias no monitoramento e na oferta de serviços. Um dos exemplos é o uso do aplicativo Join, que possibilita a troca de informação entre médicos das UPAs e dos hospitais. A ferramenta é utilizada em vários países para o compartilhamento de imagens, diagnósticos, resultados laboratoriais, ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas em alta resolução, sem comprometer a qualidade do atendimento.
Essa integração permitiu que a SES alcançasse o marco de uma média mensal de 100 operações na área cardíaca, com um total de 2.304 procedimentos feitos em 2022 e 1.134 até o início de setembro deste ano.
De olho nos sintomas
Cardiologista no Cedhic, responsável por acompanhar Raimundo, Diego Martins ressalta que a insuficiência cardíaca é uma síndrome que reúne várias doenças do coração, incluindo valvulopatias, doenças coronárias e próprias do músculo cardíaco.
Problemas como esses exigem atenção especial e, devido aos avanços na área, os tratamentos da rede pública também se aprimoraram, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Apesar das evoluções, conforme alerta o cardiologista, é preciso estar atento aos sinais de alerta. “Ao sentir dor no peito, falta de ar nos esforços, inchaço nas pernas ou apresentação clínica de desmaio, o primeiro passo é ir às unidades de saúde. O clínico fará uma avaliação inicial e encaminhará o paciente ao cardiologista. As principais doenças têm essa apresentação clínica em comum, e, por meio disso, podemos procurar um diagnóstico”, orienta.
Para prevenir não somente os riscos de surgirem doenças, mas diminuir o impacto dos sintomas em doenças cardiovasculares, o cardiologista alerta sobre os principais fatores de risco e para a mudança de hábitos. “Com hábitos bem simples, o paciente é capaz de diminuir a mortalidade e o sofrimento com doenças cardiovasculares. São cinco principais pontos: parar de fumar, realizar atividade física, o controle da glicose, o controle do colesterol e o controle da pressão”, detalha.
Nesta sexta-feira (29), é comemorado o Dia Mundial do Coração, data instituída pela Federação Mundial do Coração (World Heart Federation). A data alerta sobre os riscos das doenças cardiovasculares e conscientiza a população com dicas de como preveni-las.
Serviço
Em casos de emergência e socorro inicial, o paciente deve se dirigir ao hospital ou à UPA mais próxima da região onde mora. A rede hospitalar da SES conta com 11 hospitais regionais e cinco unidades de referência distrital, além de 13 UPAs, gerenciadas pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF).
As UPAs devem ser procuradas em casos emergenciais, como, por exemplo, paradas cardiorrespiratórias, dores no peito/dores cardíacas, falta de ar ou dificuldades de respirar. A lista completa das unidades pode ser conferida em Infosaúde – Busca UPA .
*Com informações da SES
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