O hackerWalter Delgatti Netto presta um novo depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (18), em Brasília (DF). Estaé a segunda vez na semanaque o chamado Hacker da Vaza Jato depõe no âmbitodas investigações sobre a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Delgatti foi ouvido pelos investigadores na última quarta-feira (16). Na ocasião, afirmou ter recebido R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir o sistema do CNJe inserir falsos documentos no Banco Nacional de Mandados de Prisão, entre eles, um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).Adeputada nega as acusações.
Na quinta-feira (17), ohacker compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos de 8 de janeiro , dia em que vândalos e golpistas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF).À CPMI, Delgatti disse que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro pediu a ele, por telefone, que assumisse a autoria de um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo o hacker, Bolsonaro teria prometido lhe conceder um indulto, ou seja, o perdão presidencial, caso o Poder Judiciário decretasse sua prisão.
À CPMI, Delgatti também afirmouque “orientou” os militares responsáveis por produzir o relatório das Forças Armadas sobre a segurança das urnas eletrônicas eleitorais que o Ministério da Defesa entregouao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 9 de novembro de 2022.
Hoje, ao chegar à sede da PF para acompanhar seu cliente, o advogado Ariovaldo Moreira disse que as afirmações de Delgatti são “indícios de provas”. No Direito, via de regra, uma prova é composta por um conjunto de indícios,ou seja, por uma série de vestígios que, uma vez comprovados, indica que algo de fato ocorreu, sustentando uma tese.“Entendo quando vocês [jornalistas] perguntam se há provas[do que Delgatti afirma].Háindícios de provas.Porque não há dúvidas de queoWalter esteve com Jair Bolsonaro. Ontem, o filho do Bolsonaro[o senador Flávio Bolsonaro]confessou isso.E há, com certeza, no Ministério da Defesa, câmeras e imagens.Com o Walter [informando as] datas e horários [em que afirma ter estado no prédio do ministério], muito provavelmente será possível obter estas provas”,comentou o advogado ao dizer que Delgatti pode fazer uma delação premiada.
“Nãoestá descartada a [possibilidade de uma] delação premiada”,afirmou Moreira, assegurando que seu cliente já deu todos os esclarecimentos à PF e à CPMI. “Não sei qual a intenção da autoridade policial[com o depoimento] de hoje. Não sei quais[novos]questionamentos a autoridade policial entende [ser] necessário o Walter [responder]. Vou avaliar o que a autoridade policial tem a questionar e orientar o Walter sobre se ele deve ou não responder.”
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