Os atos violentos registrados em dezembro de 2022 em Brasília, que antecederam os atos golpistas de 8 de janeiro, estão interligados, segundo destacou nesta quinta-feira (22) o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Leonardo de Castro.
Isso porque os três acusados de implantarem uma bomba em um caminhão-tanque de combustível próximo ao aeroporto de Brasília, no dia 24 de dezembro, participaram dos atos do dia 12 de dezembro.
Leonardo de Castro prestou depoimento, na condição de testemunha, para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a invasão das sedes dos Três Poderes no início do ano.
“Eu acho importante, pelo menos, citar essa conexão com os atos ocorridos no dia 12. Dois dos representados para os quais foi determinada a prisão estavam envolvidos nos atos do dia 24 de dezembro, que seriam o Alan Diego e Wellington Macedo. Esses dois foram alvo da investigação do dia 12 e foram alvo da representação da Polícia Civil. Porém, os mandados foram expedidos somente após os atos do dia 24”, explicou Leonardo de Castro.
Na sequência, o policial acrescentou que o terceiro acusado, George Washington de Oliveira, também foi identificado pela polícia participando do quebra-quebra do dia 12.
Leonardo foi o delegado responsável por investigar os atos dos dois dias citados: a tentativa de atentado à bomba e a depredação, no centro de Brasília, no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele dia 12, manifestantes colocaram fogo em carros, ônibus e tentaram invadir o prédio da Polícia Federal.
Além de Alan Diego (preso e condenado a mais 5 anos de prisão) e Wellington Macedo (ainda foragido), o empresário George Washington de Oliveira foi condenado a mais de nove anos de prisão.
A relatora da CMPI, senador Eliziane Gama (PSD-MA), avaliou que o depoimento do delegado confirma a hipótese de que os atos de 8 de janeiro têm origem no ano anterior:
“Acho que as falas técnicas – tanto dos peritos quanto as informações trazidas pelo delegado – nos levam à confirmação daquilo que colocamos como linha de investigação no nosso plano de trabalho que foi a correlação dos atos do 8 de janeiro com o que ocorreu no dia 24 de dezembro e também no dia 12 de dezembro.”
O delegado Leonardo de Castro confirmou que, no depoimento à Justiça, o empresário paraense George Washington afirmou que resolveu ir à Brasília para se unir aos protestos em frente ao Quartel General (QG) do Distrito Federal e esperar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas.
Após um mês na capital, ele teria resolvido elaborar um plano com os manifestantes do QG para provocar a intervenção das Forças Armadas, tendo surgido, então, a ideia de colocar a bomba no caminhão.
O delegado do Distrito Federal acrescentou que investigações sigilosas estão em andamento uma vez que há indícios de que mais pessoas participaram e planejaram a tentativa de atentado.
“Ele [George Washington] cita uma mulher e mais alguns indivíduos. Ele narra também que nos dois ou três dias que antecederam o fato houve reuniões para tratar desse possível atentado”, pontuou Leonardo de Castro.
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