O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes é o entrevistado na estreia do programaDando a Real com Leando Demori, ouDR com Demori, que vai ao ar nesta terça-feira (26), às 22h, naTV Brasil. Na entrevista, o ministro diz que houve muitos erros e abusos na Operação Lava Jato, e criticou o papel da mídia pelo que ele chama de “um impulso de combate à corrupção”. “Era algo tão avassalador, que ser contra ou levantar dúvida já era perigoso”, disse Gilmar.
Para ele, é preciso analisar o contexto geral que envolveu a Lava Jato, para entender os erros e evitá-los no futuro. “Esse superpoder da vara de Curitiba, o julgamento do Lula, que não era um julgamento, aquela combinação, que talvez não se veja nem no antigo regime soviético, entre o procurador e um juiz submetendo a denúncia ou provas que deveriam ser acrescidas ou não, tudo isso precisa ser relembrado”, disse.
De acordo com Gilmar Mendes, o sistema político também precisa fazer uma profunda autocrítica. “A nação não precisa de salvadores, e a gente tem que fazer essa autocrítica. A debilidade do sistema político causou isso e fez com que Bolsonaro cavalgasse essa figura que é mais falsa que uma nota de R$ 3. Hoje todos nós sabemos.”
Sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro, o ministro contou que estava em Portugal e que, assim que soube dos acontecimentos, começou a “disparar telefonemas”. Ele falou com os ministros do STF Alexandre de Moraes e Rosa Weber e com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. “Nas conversas que a gente tinha antes, a gente sentia que tudo estava normal, mas um normal em alta temperatura, porque havia uma preocupação.”
Outro assunto comentado por Gilmar Mendes na entrevista foi a proposta de descriminalização do porte de drogas para consumo próprio, em votação no STF. Segundo o ministro, muitas pessoas são presas no Brasil por estarem com pequenas quantidades de drogas para uso pessoal e acabam virando mão de obra para organizações criminosas.
“Temos que enfrentar isso, é uma questão de segurança pública para evitar que essas organizações se tornem ainda mais poderosas. Para isso, temos que trabalhar com uma perspectiva de descriminalização dos casos menos graves. Este é o começo, porque é o que mais leva gente para a cadeia, é uma situação que se repete todos os dias”, disse Gilmar, citando a iniciativa dos mutirões carcerários para revisar processos de prisões temporárias.
Estreando na televisão, Demori se diz animado com o programa e explica que a escolha de Gilmar Mendes para ser o primeiro entrevistado foi natural, por sua trajetória jurídica e política.
“O Gilmar é um cara que representa muito do que a gente vai falar aqui. Ele está no STF desde 2002, passou por seis presidentes da República, passou peloimpeachmentda Dilma [Rousseff], pela tentativa de golpe do 8 de janeiro. Ou seja, ele está direta ou indiretamente envolvido em quase tudo que aconteceu no Brasil nos últimos anos, como o mensalão, a Operação Satiagraha, em todas as grandes operações. O Gilmar é um personagem do STF, da mídia, misturado também com a política. Então, foi natural que a gente convidasse alguém como ele."
ODR com Demorivai ao ar às terças-feiras, às 22h, naTV Brasil. O programa também será veiculado naRádio Nacionale naRádio MEC, também às terças-feiras, às 23h.
A programação daTV Brasil pode ser acompanhada pelo canal aberto, por TV por assinatura e por parabólica.
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