No contexto do Dia Mundial da Alfabetização, celebrado em 8 de setembro, é crucial direcionar a atenção sobre o acesso e a qualidade da educação especialmente nas escolas estaduais em áreas rurais.
A Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE), por meio da Divisão de Educação do Campo, adota uma abordagem construtivista, inspirada na renomada psicóloga e pedagoga Argentina Emília Ferrero. Essa abordagem enfatiza o papel ativo do aluno em sua própria jornada de aprendizado.
Nesse método, as crianças constroem hipóteses gradualmente desenvolvendo a compreensão do sistema alfabético e suas primeiras escritas são valorizadas, pois representam seus esforços iniciais na representação de ideias.
Alfabetizar crianças no campo é um desafio adicional devido a fatores como a rotatividade de professores e a dificuldade de acesso às escolas.
Atualmente, a Educação do Campo conta com 37 escolas situadas em áreas de difícil acesso em Rio Branco, atendendo cerca de 300 alunos em processo de alfabetização.
Para garantir o sucesso desse processo, é realizado um acompanhamento pedagógico, incluindo avaliações diagnósticas para monitorar o progresso educacional dos alunos.
Com base nos resultados dessas avaliações, são elaborados planejamentos docentes e intervenções pedagógicas personalizadas para fortalecer os pontos identificados como fracos.
Maria Clara Siqueira, chefe da Divisão de Educação do Campo da SEE, destaca o compromisso contínuo de acompanhar os avanços e dificuldades dos alunos, visando atender as suas reais necessidades de aprendizagem.
Além disso, o governo tem feito investimentos significativos na educação do estado, incluindo construção, reforma e ampliação de escolas, entrega de material escolar e uniformes para os alunos, fornecimento de uma merenda reforçada, contratação de professores e disponibilização de ônibus escolares, bem como melhorando o acesso de ramais, entre outras ações que fortalecem o compromisso com a educação de qualidade no campo.
A educação no campo representa uma jornada desafiadora, porém essencial para o desenvolvimento das crianças e suas comunidades. Alfabetização, nesse contexto, é um cumprimento de um direito humano fundamental.
Casos como o de Sabrina Lima de Araújo, de 12 anos, estudante do 5º ano da escola Canto do Sabiá, situada na Transacreana Km 72, Ramal Jarinawa – Boca do Espalha, mostram que a vontade de aprender supera desafios como longas caminhadas para chegar à escola.
Outro exemplo de força de vontade fica por conta de Paulo Vítor Oliveira, 8 anos, aluno do 3º ano da escola rural Novo Paraíso, que gosta de ir à escola, não perde um dia de aula, sonha em ser policial e disse que quando começou a estudar não sabia ler nada nem escrever, mas se sente feliz, pois já aprendeu a escrever e consegue ler pequenos textos.
A Escola estadual rural Novo Paraíso, situada no km 7 da BR 364, ramal Belo Jardim III, km 10, com 25 alunos em turmas multisseriadas do 1º a 5º ano do ensino fundamental, enfrenta dificuldades de acesso, como toda escola do campo, mas demonstra avanços notáveis na leitura e escrita como parte do programa Caminhos da Educação do Campo.
O professor Vilton Costa Brandão, que alfabetizou Paulo Vítor e outros alunos, destaca a gratificação de alfabetizar em turmas multisseriadas. “É desafiador, mas muito gratificante. Apesar das dificuldades, os alunos estão demonstrando um bom desempenho na leitura e na escrita e isso me deixa muito feliz em fazê-los dar o primeiro passo rumo ao conhecimento”.
A data lembra uma etapa primordial na vida de uma criança em idade escolar, pois abre caminhos não apenas para a leitura e escrita em si, mas também para a vida em sociedade, principalmente quando se consegue interpretar o que se lê e escreve.
Emília Ferreiro com sua abordagem inovadora, revolucionou a alfabetização infantil, destacando a importância da primeira infância como período ideal para adquirir habilidades, conhecimentos e atitudes que facilitarão o aprendizado da leitura e da escrita.
Em resumo, a alfabetização é vista como uma ferramenta essencial para o acesso à saúde, à informação, ao mercado de trabalho e a uma vida digna, especialmente nas áreas rurais.
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