O espetáculo teatralNushu, a mais recente criação dogrupo colombiano-brasileiro Cuerpo Abierto Teatro, tem curta temporada, com estreia no Brasil, no dia 13 de setembro, quarta-feira. As apresentações se realizam sempre às 19h, na Funarte MG, até dia 15, sexta, na Funarte MG, em Belo Horizonte. O projeto inclui uma oficina, que aborda o processo de criaçãoda montagem, e um bate-papo sobre teatro latino-americano. A preços populares, os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente, pela Internet.
“Celebrar as vidas e jornadas de mulheres incríveis – conhecidas ou anônimas! Essa é a razão de ser deste cabaré, no qual a atriz narra histórias de mulheres de diferentes lugares – e séculos – misturadas com suas próprias vivências e convida o público a um passeio por canções brasileiras que se tornaram referência pela voz de algumas de suas maiores intérpretes”, diz a sinopse da peça.
Ao ter contato com o livroHistorias de Mujeres(Histórias de Mulheres)de Rosa Montero, a atriz-criadora da peça, Camila Scudeler, se deparou com algo até então desconhecido para ela: a milenar escrita chinesa, exclusivamente feminina, chamada “nushu”. A partir daí, a dramaturga/intérprete passou a buscar mais informações sobre esse código, elaborado e conhecido apenas por mulheres, numa espécie de irmandade oculta. Essa linguagem secreta, “ou melhor, essa caligrafia só para mulheres [foi criada] para poderem falar com as amigas sobre suas vidas íntimas, suas queixas e seus sentimentos sem correrem o risco de ser descobertas e punidas. Muitas mulheres que não tiveram acesso ao han – língua oficial chinesa – através do nushu receberam o poder da palavra escrita, uma força solidária com a qual organizar uma certa resistência”*. Desta referência surgiu o nome a obra, na qual “histórias de mulheres são tecidas num misto de autorreferência e auto ficção”.
No enredo, um “cabaré” cênico funciona como “espaço estruturante compartilhado entre a atriz e o público”. A ideia é que lá toda a plateia também participe, atuando.
O processo de criação
“Esse espetáculo é resultado de uma pesquisa iniciada em 2019 que visava dar voz e corpo a histórias de mulheres atravessadas por séculos e marcadas pelo patriarcado. O que era inicialmente uma narrativa de histórias alheias foi se tornando um relato marcado por minhas autorreferências – e de minhas ancestrais – partindo do mais particular para buscar lançar luz ao coletivo e a histórias compartilhadas” diz Scudeler.
O diretor César Amézquita, explica que o grupo foi “entretecendo narrativas em busca de histórias soterradas próprias e alheias”, revisitando nossas ancestrais, pesquisando e trazendo memórias que vieram à superfície para, por fim, serem reveladas”, explica.
Música, cenografia e dramaturgia
A música exerce papel central emNushu,integrada com o texto.De acordo com Scudeler, a escolha das canções, leva em conta “sua poesia, impacto e importância de suas consagradas intérpretes na história da música brasileira e na conformação da cultura do país”. A disposição dos objetos cenográficos tem como foco trazer para o palco “o ambiente íntimo e coletivo” do cabaré, “criando um espaço que interpela a narrativa e interfere em seu curso. Já dramaturgia traz a proposta de colocar em primeiro plano histórias e vivências de mulheres de diferentes lugares e épocas, entrelaçadas pela atriz-narradora, em relação com a plateia. “O teatro-documento servem de suporte para o desenvolvimento dramatúrgico”, informa a produção.
Trajetória do projeto
Em 2020, em plena pandemia de covid 19, o Cuerpo Abierto Teatro estreouNushuem versão virtual, no Festival Guaia Hycha – evento anual do prestigiado grupo colombiano Teatro Itinerante del Sol. Em 2022, no mesmo evento, foi iniciada a versão “espetáculo-cabaré”, presencial, do espetáculo. Ele continuou, com temporadas e participações em encontros desse tipo – entre eles o “Festival de Mujeres en Escena por la Paz” (Festival de Mulheres em cena Pela Paz (em Bogotá 2023) – e foi contemplado no edital “Boyacá Reactiva la Cultura 2023” (Boyacá Reativa a Cultura em 2023
O Cuerpo Abierto Teatro
O Cuerpo Abierto Teatro é um coletivo artístico radicado desde o ano 2020 na Casa-Laboratório El Gurrubo na cidade de Oicatá-Boyacá, Colômbia. Fundado por César Amézquita e Camila Scudeler em 2014, o grupo começou como “um laboratório de treinamento do corpo para a cena a partir de múltiplas inquietações”, geradas paralelamente ao trabalho que ambos desenvolviam como atores-criadores, no Teatro La Candelária, na Capital Colombiana, Bogotá, entre 2010 e 2020. “O objetivo principal do grupo é pesquisar a partir das fronteiras do corpo e de uma necessidade individual e coletiva, buscando uma reavaliação do conceito de herança – entendida como memória –, e revisitar a história dos países latino-americanos e seus problemas, sempre em relação ao contexto e sistema em que estão inseridos” informa o coletivo.
Intercâmbio
A programação também prevê uma ação de intercâmbio entre o Cuerpo Abierto Teatro e a Companhia Lúdica dos Atores, de Belo Horizonte. O primeiro encontro entre os dois coletivos está marcado para o período entre os dias 3 e 15 de setembro, na Capital Mineira e no Município de Araçuaí. A agenda reúne a apresentação de Nushu e também do espetáculo O Sonho de um Homem Ridículo, do grupo mineiro, na VII edição do Festival Internacional de Teatro de Palco e de Rua de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha (MG).
Ficha Técnica
Direção:César Amézquita | Dramaturgia:Camila Scudeler | Atuação:Camila Scudeler | Assessoria dramatúrgica: Adriana Urrea | Programação Visual e Logo:Carolina Bejarano | Fotos divulgação:Thiago Cestari (tessalio)
Nushu
De 13 a 15 de setembro de 2023, quarta, quinta e sexta-feira, às 19h
Debate após o espetáculo
Ingressos: R$30 | Meia-entrada R$15 | podem ser adquiridos antecipadamente, pelo site www.sympla.com.br
Classificação indicativa: livre
Atividades adicionais
Quarta-feira (13) – das 13h às 17h
Oficina:Criação coletiva
Com Camila Scudeler e César Amézquita, do grupo Cuerpo Abierto Teatro.
Sexta-feira (15) – das 15h às 17h
Bate-papo sobre teatro latino-americano, mediação Alexandre Kavanji diretor do espetáculoSonho de um Homem Ridículo, da Cia Lúdica (BH)
A participação na oficina e no bate-papo é gratuita
Funarte MG
Rua Januária, 68 - Centro, Belo Horizonte (MG)
Mais informações: funartemg@funarte.gov.br | 031996253293
*MONTERO, Rosa. Historias de Mujeres.Madri: Alfaguara, 2014 (citado pela produção do projeto)
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